Nova safra de técnicos rouba a cena em 2009 e põe campeões nacionais em segundo plano

Como a possível falta de emoção no torneio por pontos corridos, o Campeonato Brasileiro de 2009 também eliminou o estigma de que a renovação de treinadores é mais lenta do que a de jogadores. Na competição, uma nova safra de técnicos desbancou nomes estabelecidos no cenário nacional e agitou o mercado dos bancos de reservas, que, mesmo sem transações milionárias, está tão quente quanto a disputa pelas peças dentro de campo.

Foto por Vipcomm

Ricardo Gomes, de 44 anos, é um dos técnicos da nova safra que se destacaram neste ano; o ex-zagueiro fez bom trabalho no São Paulo

Começando a olhar pela ponta da tabela, o campeão Flamengo já aparece com uma novidade: o ex-jogador Andrade. Com perfil tímido e diferente da eloquência do discurso de Vanderlei Luxemburgo, arrancou elogios de jogadores, público e crítica, como a Fifa, que destacou o papel do treinador na conquista do torneio e os seus números.

- Andrade se converteu no primeiro negro a comandar uma equipe campeã do certame e o maior campeão de torneios nacionais, se contar suas conquistas como ex-jogador.

Logo abaixo, embora não seja um desconhecido, Mário Sérgio assumiu o Internacional de Tite e o terminou na segunda posição do torneio. Ricardo Gomes, também não um iniciante, mas longe de figurar na lista dos técnicos mais badalados do país, foi o terceiro com o São Paulo.

Um pouco abaixo estão casos tão impressionantes como o de Andrade. O Palmeiras, quinto colocado, perdeu, sob o comando do laureado Muricy Ramalho, um título praticamente ganho, mas só conseguiu chegar à primeira colocação graças às mãos inexperientes do ex-meia Jorginho, que agora é sondado pelo Avaí.

Por falar em Avaí, Silas, que deixou o clube para dirigir o Grêmio, foi um verdadeiro sucesso. Em 2008, ele retirou um time da segunda divisão após várias tentativas fracassadas e, quando até o próprio clube esperava apenas permanecer na primeira divisão neste ano, a equipe quase beliscou uma vaga na Copa Libertadores, tendo finalizado o torneio na sexta posição.

O Grêmio, nova casa de Silas, foi mal sob o comando do campeão mundial e brasileiro Paulo Autuori, mas estranhamente conseguiu uma boa quantidade de sucessos com o interino Marcelo Rospide. As passagens do auxiliar como treinador já o credenciam para tentar voos mais altos na próxima década.

Enquanto isso, os campeões brasileiros dos últimos 20 anos viram o Brasileirão de 2009 desafiar seus altíssimos salários. Além de Muricy e Autuori, Luxemburgo, detentor de cinco títulos brasileiros (1993, 1994, 1998, 2003 e 2004) também não foi a lugar algum. Acabou demitido do Palmeiras por quebra de hierarquia e parou com o Santos na 12ª colocação. Agora, está no Atlético-MG, um time em crise de títulos.

Nelsinho Baptista, campeão em 1990, deixou o Sport no meio do torneio. Seu sucessor, Emerson Leão, ex-técnico da seleção brasileira e campeão em 2002, com o Santos, acabou demitido. O mesmo aconteceu com Carlos Alberto Parreira, que deixou o Fluminense na zona do rebaixamento e foi buscar apoio com os “bafana-bafana” da África do Sul.

Geninho, campeão em 2001 com o Atlético-PR, foi rebaixado. Antonio Lopes, que levantou a taça em 1997 e 2005, escapou por pouco da degola com o Furacão.