Havelange diz que houve armação nas Copas de 1966 e 74, mas não em 78

26.6.08 | Marcadores:
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João Havelange, ex-presidente da Fifa entre 1974 e 1998, foi acusado recentemente pelo sueco Lennart Johansson, ex-presidente da Uefa, de ter favorecido a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1994, principalmente na vitória de 1 a 0 sobre a Suécia, na semifinal. Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo" desta quinta-feira, Havelange não responde a esta questão, mas também faz suas acusações, apontando para as Copas de 1966, na Inglaterra, e 1974, na Alemanha.



No entanto, um dos mais controversos mundiais da história, o de 1978, na Argentina, para Havelange, então presidente da maior entidade do futebol, foi legítimo. Inclusive os 6 a 0 da Argentina sobre o Peru, resultado que tirou o Brasil da final.



- Não tenho nada a ver, mas dias antes o Brasil jogou com o Peru. Fui ao vestiário e disse que precisava ganhar de muito para ter saldo de gols. Ficaram o tempo passando a bola: 3 a 0. E não se esqueça: o time do Peru estava na terceira Copa, todos tinham mais de 30 anos. Não faziam tecnicamente um jogo bonito, e eficiência física nenhuma. Quando o Brasil jogou com a Argentina, fui ao vestiário e disse que precisávamos ganhar o jogo para sermos campeões. Disseram-me que iam jogar pelo empate. Lembre-se de que o Rivellino não entrou em campo. Empatamos. O Peru jogou e, se o senhor vir o filme do jogo, com dez minutos botou uma na trave. Se entra, tinha ganho de 10 a 0. O time do Peru não tinha perna para jogar - afirma Havelange.



O ex-presidente da Fifa se recusa a considerar qualquer influência política do governo militar argentino, presidido pelo general Jorge Rafael Videla, na Copa de 1978 vencida pela seleção local:



- Todo mundo agora só fala em política, nisso e naquilo, e não é nada disso. A Argentina tinha um bom time, ganhou da Holanda, e vou lhe dizer mais: a Holanda se portou muito mal naquela Copa. Era a minha primeira na presidência, e a Fifa fazia um jantar onde entregava prêmios aos quatro times finalistas. Houve o banquete e, às 21h, cheguei com minha senhora. O presidente já estava lá, 22h, 22h30m, e nada da Holanda chegar. Estavam lá o time do Brasil, da Itália, da Argentina, e a Holanda chegou às 23h, o time de macacão. Disse ao presidente: "Se o senhor quiser, não haverá jantar, o senhor pode se levantar que sairei com a minha senhora". Ele: "Não, eu espero até o final". Nunca mais houve jantar na minha administração. Time que ganhava subia na tribuna, eu dava a medalha e ia embora. Não vou a campo, você nunca sabe a reação do público. Na tribuna, ninguém mexe com você.



Sobre as Copas de 1966 e 1974, no entanto, Havelange tem visões bem diferentes:



- Em 66, o Brasil tinha praticamente o mesmo time de 62. Quem era o presidente da Fifa? Sir Stanley Rous, inglês. Onde era a Copa? Inglaterra. Nos meus três jogos, com Portugal, Hungria e Bulgária, tinham 3 árbitros e 6 bandeirinhas. Sete eram ingleses e dois alemães. Acha que foi para quê? Acabar com meu time. Acabaram. Pelé foi machucado. Em uma homenagem depois, estava Stanley Rous. Me estendeu a mão e não o cumprimentei. Ele disse "o que você tem?". Eu disse "faça um exame de consciência, você tem a resposta". A Alemanha jogou com o Uruguai, e o árbitro era inglês. A Argentina jogou com a Inglaterra, e o árbitro era alemão. Qual foi a final? Inglaterra e Alemanha. Por que só tinha árbitro alemão e inglês nos meus jogos? Em 74, na Alemanha, também. O senhor não acha estranho? E te pergunto: a Inglaterra voltou a ser campeã ou ganhou alguma coisa? Não, então pronto.





A crise do petróleo e a Laranja Mecânica





Para ele, depois de dar como presidente da enbtão CBD (Confederação Brasileira de Desportos) os títulos mundias de 1958, 62 e 70 ao Brasil, dirigentes da Fifa não deixariam o recém-eleito presidente da entidade mundial assumir com seu país como novamente bicampeão mundial:



- Fui à Alemanha, acabava de ser eleito, faço um jogo Holanda x Brasil. A Holanda vinha com problema de petróleo, sem petróleo porque tinha subido muito, e andavam de bicicleta. Nunca me esqueço. Quem tinha ido regularizar essa situação foi o (Henry) Kissinger (diplomata americano de grande atuação nos anos 60 e 70). Ele chegou ao estádio para ver Brasil x Holanda, e o Stanley Rous me botou o (árbitro Kurt) Tschenscher, da Alemanha, que já tinha 50 anos e apitou o último jogo da carreira. E me jogou para córner. Perdi de 2 a 0. Suspenderam meu central (Luis Pereira, expulso contra a Holanda) para a disputa de terceiro com a Polônia. Puseram um árbitro (Aurelio Angonese, da Itália), um jogador meu pegou a bola no meio, foi agarrado na camisa quando entrava na área para fazer o gol. Apitou, fez a barreira e perdi de 1 a 0.



Na longa entrevista, Havelange ainda contou como tirou o filho do ex-embaixador do Brasil no Kwait Paulo Paranaguá e neto do ex-presidente do Fluminense Antonio Leite das garras da ditadura militar argentina usando sua influência com o general Videla e como fez Michel Platini presidente da Uefa. E diz que o ex-jogador francês será presidente da Fifa depois de Ricardo Teixeira.
globo

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