Estudo aponta consumo de coquetéis médicos por jogadores nas duas últimas Copas

Um estudo encomendado pela Fifa e divulgado neste mês pelo Jornal Britânico de Medicina Desportiva mostrou que diversos jogadores consumiram coquetéis de medicamentos e suplementos nutricionais durante as últimas duas Copas do Mundo, em 2002 e 20006. Segundo os resultados apresentados, algumas das misturas chegavam a comportar 10 substâncias diferentes de uma só vez.

Entre os produtos consumidos estavam analgésicos como ibuprofeno e aspirina, relaxantes musculares, injeções anestésicas, pílulas antialérgicas e suplementos alimentares.

Encabeçado pelo chefe do departamento médico da Fifa, Jiri Dvorak, o estudo se baseia nas informações coletadas junto a cerca de 2.950 médicos de 32 diferentes seleções que estiveram nos Mundiais da Alemanha e de Japão/Coréia do Sul. De acordo com a pesquisa, os médicos reportaram o uso de 10.384 substâncias diferentes, dentre as quais 43% eram medicamentos e outros 57% eram suplementos nutricionais.

A divulgação das análises levantou dúvidas quanto à possibilidade de os medicamentos e suplementos terem aumentado a performance dos atletas durante as partidas.

Para Jiri Dvorak, esta hipótese está praticamente descartada. "Não há absolutamente nenhuma prova cientifica de que se pode tirar algum tipo de aumento de desempenho a partir das substâncias listadas na pesquisa", declarou o médico. "Estou mais preocupado com a excessiva prescrição médica dos fisiologistas das equipes a adultos que são essencialmente saudáveis".

Outros especialistas, porém, discordam de Dvorak. "É possível que eles tenham tirado proveito dessas diversas drogas consumidas", opinou Gerard Varlotta, membro do Instituto de Medicina de Reabilitação de Nova York. "Se você está reduzindo inflamação, então tecnicamente seus músculos trabalharão melhor. Eles [os medicamentos] também podem reduzir a percepção de dor dos atletas, o que os ajudaria a jogar melhor".

Victor Sasson, diretor de medicina desportiva do Centro Médico de Maimonides, também em Nova York, atenta para outro aspecto: as seqüelas que o uso dos medicamentos pode deixar nos atletas a longo prazo.

"Atletas que misturam essas drogas estão em sério risco", atesta o especialista. Ele lembra que, em alguns raros casos, substâncias como ibuprofeno e acetaminofeno podem causar úlceras no estômago e problemas nos rins, além de dificultar a cicatrização de problemas nos ossos.
uol