O Ministério Público de São Paulo pediu, nesta quinta-feira, o afastamento de Marco Polo del Nero da presidência da Federação Paulista de Futebol (FPF). A razão da ação, segundo nota divulgada no site oficial do órgão, é a falta de cooperação da entidade estadual no combate às más condições dos estádios paulistas.
“A Federação Paulista de Futebol e seu presidente, Marco Polo del Nero, descumpriram a legislação em vigor, devendo ser responsabilizados porque deixaram de observar a proteção preventiva de danos à vida, à saúde e à segurança dos torcedores”, disse o promotor Roberto Senise Lisboa.
O entrevero começou antes do Campeonato Paulista deste ano. O Ministério Público vetou nove estádios que receberiam jogos da primeira divisão (25, somando outras séries), mas a FPF permitiu que as partidas acontecessem normalmente. A lista inclui desde locais na capital, como o Canindé, até interioranos tradicionais, como o Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista.
O caso mais gritante aconteceu com o estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto. O local seria palco da abertura do Paulistão, com o jogo entre Monte Azul e Corinthians. Antes do pontapé inicial, um show de rock ainda marcaria a festa pelo início da competição.
Segundo Senise Lisboa, um laudo da Polícia Militar dizia, 48 horas antes da partida, que o Santa Cruz não tinha condições adequadas. Após a divulgação da informação, a menos de 24 horas do início, o promotor teria recebido um e-mail com um novo laudo, assinado pelo mesmo tenente-coronel que havia feito o primeiro documento. A despeito de relatar os mesmos problemas, o oficial mudou sua conclusão e disse que o estádio foi "aprovado, com restrições".
"Existem três formas de se avaliar um estádio. Ou você reprova, ou você aprova sem restrições ou aprova com restrições. Se aprovou com restrições, significa que o MP tem de ir ao local e avaliar se há condições", disse Lisboa.
Além da suposta autorização indevida, a FPF teria se recusado a assinar um termo de ajustamento de conduta (que já teria o compromisso dos clubes) que prevê a realização das obras necessárias nos estádios paulistas. Segundo o MP, a FPF compareceu à primeira reunião, mas não quis sequer assinar o termo de audiência, que comprovava sua participação no encontro.
Neste cenário, o MP ainda pede um interventor e novas eleições na entidade esportiva. “Não pode haver falta de seriedade no tratamento da segurança, da vida e da saúde dos consumidores. Não se pode admitir que o país que sediará a Copa do Mundo de 2014 evolua na organização do seu calendário de futebol, mas não no sentido de oferecer segurança aos torcedores”, disse Senise.
"A FPF informa que em nenhum momento descumpriu as regras determinadas pelo Estatuto do Torcedor. A ação da promotoria do Ministério Público, salvo melhor juízo, não se justifica uma vez que a FPF vem cumprindo e respeitando rigorosamente as normas estabelecidas", disse o Coronel Marinho, em nota oficial publicada no site da entidade.
A ação pública tramita na 17ª Vara Cível do Fórum Central de São Paulo, e pode representar o segundo afastamento de Marco Polo do cargo em menos de dois anos. Em 2009, o cartola foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pela sua participação no “caso Tardelli”.
No fim de semana decisivo do Campeonato Brasileiro de 2008, a FPF levantou a possibilidade de que Wagner Tardelli teria sido manipulado. O juiz apitaria a partida entre Goiás e São Paulo, que deu o título ao clube tricolor, mas acabou sendo afastado.
A intenção do Ministério Público é conseguir uma liminar que proíba a FPF de autorizar jogos em estádios que não tenham laudo de segurança. A pena seria de R$ 100 mil por partida realizada nestas condições.
uol
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