Neymar bate astros anteriores da sub-20

Neymar arranca pelo meio, esbarra com um zagueiro do Chile e cai na área. O árbitro Omar Ponce lhe dá um cartão amarelo. Esse lance gera preocupação e cautela na comissão técnica da seleção brasileira sub-20, apesar da goleada sobre o rival.

Explica-se: no Sul-Americano dessa categoria, nunca o Brasil esteve tão dependente de um jogador quanto está do atacante santista na atual edição da competição.

Neymar marcou sete dos 14 gols brasileiros. Ou seja, anotou metade dos tentos do time nacional até agora.

Foram dois só na goleada de 5 a 1 sobre o Chile, na madrugada de ontem, que deu a liderança ao Brasil no hexagonal final. Equador e Uruguai, que bateram Argentina e Colômbia respectivamente, ocupam a segunda posição.

O feito do santista é inédito. Nas últimas seis edições, nenhum artilheiro da seleção sub-20 chegou perto desse patamar na competição.

Não foram poucas as estrelas presentes nos times anteriores. Nomes como Pato, Adriano e Ronaldinho desfilaram com a camisa brasileira no Sul-Americano.

O atacante da Roma, por exemplo, fez seis gols na competição de 2006, com 29% do total marcado pelos brasileiros. Quem se aproximou mais de Neymar foi Rodrigo Gral, autor de pouco menos de um terço do total de tentos da equipe de 1999.

No caso de Neymar, além de agitar o placar, ainda dá dribles e passes que resultam em lances perigosos ou finalizações bem-sucedidas de seus companheiros.

Somados todos esses fatores, o técnico Ney Franco pede cautela ao santista para não tomar outro cartão amarelo, que o deixaria suspenso de um jogo desta fase final.

"Ele vai precisar saber jogar essa parte final da competição sem levar cartão", analisou o treinador.

Ney Franco disse que iria rever o lance que resultou na advertência sofrida por seu principal atleta. "Se foi simulação, vamos conversar. Se foi falta, foi mais uma não marcada a nosso a favor."

Protagonista da competição, que dá aos dois primeiros colocados uma vaga na Olimpíada de Londres, Neymar tem sido caçado pelos adversários. Entradas duras e tentativas de intimidação a ele foram constantes e raramente punidas pelo árbitro.

"Falta aqui fora, falta lá dentro", brincava Neymar ao ser cercado por torcedores após a goleada em Arequipa.

"Essa competição tem bastante disso. Eles tentam provocar, intimidar, mas não podemos cair no jogo deles", completou o meia Lucas, que saiu machucado depois de uma solada de um chileno.