Dias após vir a público para levantar suspeitas de corrupção na direção
da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf), o juiz Gutemberg de Paula
Fonseca afirmou que recebeu uma espécie de intimidação através de
telefonemas dados para o seu advogado. De acordo com o ex-integrante do
quadro da Fifa, a comunicação pareceu um aviso para que ele saia de cena
e interrompa as críticas a Sérgio Corrêa, diretor da CBF.
"Tenho um advogado que trabalha no caso desde 2007. Ele recebeu cerca
de dez telefonemas, de um número restrito. A conversa teve a intenção de
coagir o trabalho dele. A pessoa do outro lado pediu o endereço dele,
falou que queria enviar uma notificação a respeito das inverdades que
estou falando", disse Gutemberg em entrevista à Rádio Paiquerê AM, de Londrina.
"Esse tipo de notificação teria que chegar no meu endereço, não no
endereço do meu advogado. Já pedimos a quebra de sigilo telefônico. A
ligação pode ser de um número restrito, mas ele fica armazenado na
operadora. Eles querem me fazer calar, mas não vão", acrescentou o
árbitro carioca.
Retirado do quadro da Fifa para a temporada 2012, Gutemberg detonou na
última semana a gestão da arbitragem do país. O alvo foi o presidente da
Comissão Nacional de Arbitragem da CBF.
Sérgio Corrêa, presidente da Conaf, reagiu neste sábado às declarações
fortes do árbitro Gutemberg de Paula Fonseca. O cartola prometeu
processar o juiz após ser alvo de acusações. Segundo o juiz do Rio de
Janeiro, o diretor da CBF é "mariquinha, mentiroso e corrupto" e também
pediu favorecimento ao Corinthians.
Segundo nota publicada no site oficial da CBF, o árbitro irá encarar
ações judiciais nas esferas desportiva (STJD, ofensa moral), cível
(responsabilidade civil para obtenção de reparo pecuniário por dano
moral) e criminal (crime de injúria).
Em entrevista à rádio Jovem Pan na última sexta-feira,
Gutemberg afirmou que a Comissão Nacional de Arbitragem é dirigida com
interferência política e de acordo com interesses pessoais de Sérgio
Corrêa. O juiz citou uma conversa de 2010 com o diretor da CBF em que
entendeu ter sido alvo de uma intervenção ética.
"Ele me disse antes do jogo em que o Corinthians ganhou por 5 a 1 do
Goiás: 'é jogo do Timão, hein?' O que eu posso entender com isso? Que se
o Corinthians não ganha, eu posso nunca mais ser escalado", disse
Gutemberg.
O árbitro que faz a denúncia diz ter provas de atos de corrupção da
direção da CBF e promete divulgá-las "para contribuir que essa sujeirada
toda seja lavada".
Na entrevista à Rádio Paiquerê AM, Gutemberg de Paula Fonseca
ainda criticou a posição do presidente da Associação Nacional dos
Árbitros de Futebol (Anaf) no caso. Em contato com a reportagem do UOL Esporte, Marco Antonio Martins afirmou que as críticas ao diretor da CBF por enquanto não têm fundamento e podem ter origem exclusiva na mágoa do juiz pela exclusão do quadro da Fifa.
"O presidente da Anaf está lá para defender a classe e aparece
defendendo o diretor da CBF. É um porta-voz do Sérgio Corrêa", rebateu
Gutemberg de Paula Fonseca.
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