Moradores temem caos no Pacaembu com jogo final da Libertadores

Depois dos corintianos, os moradores do Pacaembu são provavelmente os paulistanos mais preocupados com a final da Libertadores, que se realiza no estádio do bairro, na zona oeste da capital.

Os moradores lembram como um pesadelo da final entre Santos e Peñarol.

Na ocasião, ônibus com torcedores uruguaios que não conseguiram ingressos e estavam insatisfeitos ficaram estacionados dentro do bairro, sob orientação da tropa de choque da Polícia Militar.

	Danilo Verpa - 6.jun.10/Folhapress
	Vista aérea do estádio do Pacaembu

"Fica uma balbúrdia, e todo mundo tem medo de sair de casa", diz Meire Graça Mattos, 62, moradora do bairro há seis anos.

No ano passado, torcedores que não encontravam bares próximos tocaram sua campainha para pedir cerveja e tentar usar o banheiro.

"Eles falavam palavrão em castelhano, de um jeito agressivo: 'Puta que o pariu, não tem bar nesse bairro. Me dá uma cerveja aí, mulher', coisas desse tipo", reclamou.

Para George Hacker, 40, o pior foram as pichações. "Os uruguaios picharam na minha casa 'Neymar puto', depois do gol do Neymar."

Além disso, um helicóptero da PM dava rasantes sobre as casas. "Parece que vai pousar no telhado", diz Hacker.

Há relatos até de fezes terem sido jogadas em quintais.

Segundo o coronel Walmir Martini, da Polícia Militar, neste ano, os ônibus da torcida rival ficarão novamente no bairro, mas em uma rua com menos casas --o nome da via não foi divulgado.

O coronel acredita que não haverá violência. "É um jogo de praticamente uma torcida". Cerca de 700 homens da PM farão a segurança no local, imediações, terminais de metrô e vias de acesso.

Para Iênidis Benfati, da associação Viva Pacaembu, os ônibus deveriam ficar no Memorial da América Latina ou em estacionamentos particulares. "Fizemos um levantamento de vagas e preços de estacionamento no bairro. Dava para estacionar todos", diz Iênidis. Mas, segundo ela, "a polícia entende que a torcida A não pode cruzar com a B", para evitar confrontos.

"São ônibus dos adversários, dos inimigos. E eles ficam agressivos. De repente, se minha mãe passa mal, como vou sair de casa para ir ao médico?", reclama.