Ex-presidente do Papão: 'Suspeito que quatro se venderam em 2002'

22.11.12 | Marcadores:
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O Paysandu viveu, entre os anos de 2001 e 2005, talvez o período de maior conquista ao longo de seus 98 anos de história. À época, o time paraense era presidido por Artur Tourinho, um economista amapaense que elegeu Belém para residir e se apaixonou pelo Papão da Curuzu. Foram anos inesquecíveis para o torcedor bicolor, que viu o time se sagrar Campeão Brasileiro da Série B, do Norte e dos Campeões, o que lhe rendeu uma vaga na Copa Libertadores de 2003.
Arthur Tourinho, ex-presidente do Paysandu (Foto: Marcelo Seabra/O Liberal)Artur Tourinho, ex-presidente do Paysandu (Foto: Marcelo Seabra/O Liberal)
Contudo, quase dez anos depois de deixar o clube, o ex-presidente aceitou conversar com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM para falar de um assunto polêmico: a suspeita de que quatro jogadores do Paysandu teriam se vendido para um empresário ligado ao Internacional na partida válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro 2002 que, caso fosse vencida pelos paraenses, culminaria com o rebaixamento da equipe gaúcha para a Série B do campeonato nacional, um feito histórico no futebol.
 – Suspeito sim que quatro jogadores do Paysandu se venderam. Provas eu não tenho e, tampouco, citarei nomes, mas suspeito que isso tenha acontecido naquela partida contra o Inter em Belém, no dia 17 de novembro de 2002 – revelou Tourinho que, hoje, preside um órgão público ligado ao Governo do Estado do Para e está afastado das funções futebolísticas desde que deixou o comando bicolor em 2005.
De acordo com o ex-presidente, os atletas do Paysandu foram assediados ainda durante a semana do jogo, no dia 14 de novembro, uma quinta-feira, quando empresários ligados ao Internacional mantiveram contato com os jogadores paraenses e, supostamente, teriam os incentivado a fazer “corpo mole” para com isso levarem uma boa quantia em dinheiro, valor que o cartola afirma não ter conhecimento exato.
Tive informações de fontes seguras que os jogadores estiveram reunidos com os empresários durante um almoço"
Artur Tourinho
– Tive informações de fontes seguras que os jogadores estiveram reunidos com os empresários durante um almoço. Mas digo: ninguém do Inter me ligou. Por conta disso, no dia seguinte, fui conversar com um de nossos patrocinadores e consegui um valor de R$ 50 mil para premiar os atletas pela vitória. Juntei aos 50 mil reais mais 20 do caixa do próprio Paysandu e, duas horas antes da partida, fui ao vestiário e comuniquei o ‘bicho’ em caso de vitória – lembrou.
Questionado sobre os momentos, durante a partida, que o levou a ter ainda mais certeza de que os atletas estariam “vendidos”, Tourinho afirmou que não foi difícil perceber lances individuais comprometedores e, ainda, a falta de vontade em algumas jogadas. O dirigente revelou também que, cinco minutos antes do apito final, desceu até os vestiários do Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão, e na chegada dos atletas acabou se desentendendo com um dos jogadores que teve sua atuação questionada.
– Eu desci antes do fim do jogo mesmo sob o pedido de minha esposa para que ficasse na cabine, pois estava muito nervoso. No vestiário, fui para cima do primeiro que encontrei, mas o Hélio dos Anjos (então treinador do Paysandu) me segurou. Depois disso, o desentendimento foi geral nos vestiários, mas bastava assistir ao tape e perceber – lembrou o dirigente que não pensa em voltar ao clube para exercer função administrativa.
Campanha bicolor em 2002
Em 2002, o Campeonato Brasileiro da Série A era disputado por 26 equipes, sendo classificadas as oito primeiras. Naquele ano, o Santos, da dupla e Robinho e Diego, conquistou a classificação na última rodada e, de quebra, o título do Brasileirão. O Paysandu terminou a competição em 20º lugar, com 29 pontos, sendo nove vitórias, dois empates e 14 derrotas. Já Internacional encerrou sua participação em 21º.
Veja quem entrou em campo:
Paysandu: Marcão; Marcos, Sérgio, Gino e Souza; Vanderson, Sandro Goiano, Velber e Jobson (Clayson Rato); Vandick e Zé Augusto (Albertinho). Técnico: Hélio dos Anjos.
Internacional: Clêmer; Chris, Vinicius, Luiz Alberto e Chiquinho; Claiton (Duílio) Alexandre, Cleiton Xavier e Cleitão; Fernando Baiano e Mahicon Librelato (Fabiano). Técnico: Cláudio Duarte.
Gols: Fernando Baiano, aos 08 do segundo tempo, e Mahicon Librelato, aos 11 da etapa complementar.

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