Aos 76 anos, Zagallo admite aposentadoria do futebol

Aos 76 anos e dono de quatro títulos de Copa do Mundo pela seleção brasileira, Mario Jorge Lobo Zagallo admitiu nesta segunda-feira que não deve mais trabalhar com o futebol. "Estou aposentado. Não pretendo voltar a ser treinador de clube ou seleção. Apenas estou vivendo o futebol de fora", disse, em entrevista à agência EFE.


Trabalho na Copa de 2006, ao lado de Parreira, foi o último de Zagallo no futebol
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Treze meses depois do fracasso na Copa do Mundo de 2006, em que foi coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira, Zagallo garante que teria condições de continuar na seleção, mas que entendeu as mudanças e a renovação.

O cargo de coordenador na Alemanha foi o último dentro do futebol. Depois de sua saída, com a eliminação nas quartas-de-final em derrota por 1 a 0 para a França, Zagallo não queria se aposentar e esperava receber convites para treinar alguma equipe.

Hoje, depois de uma operação de retirada de parte do estômago, do duodeno e da vesícula, Zagallo concluiu que chegou a hora de se aposentar.

"Estou aposentado, mas se surgir algum convite para trabalhar como coordenador ou conselheiro, posso pensar. Como técnico, não aceito mais nada", afirmou ele, que perdeu 16 quilos após a cirurgia, lembrando não estar mais na idade de agüentar pressões de resultados.

Zagallo recordou do início da carreira no futebol, em 1948, como jogador juvenil do América do Rio e dos mais de 60 anos de história dentro do esporte. Ele revelou que a família está feliz com a decisão de se afastar.

"Tenho a felicidade de ser o único tetracampeão do mundo. Deus me iluminou. É difícil que alguém alcance essa marca, inclusive pela idade. Eu tive uma seqüência de jogador e treinador", disse, lembrando dos títulos mundiais pelo Brasil.

Como jogador, Zagallo foi campeão na Suécia, em 1958, e no Chile, em 1962. Já como técnico, ele conquistou a Copa do Mundo do México, em 1970. Ao lado de Parreira, o auxiliar-técnico levou a Copa de 1994, nos Estados Unidos.

Sobre o atual momento do futebol, ele lamentou a ida cada vez mais cedo de jogadores brasileiros para a Europa. Para Zagallo, o jogador perde o tempo de formação necessário no país e já é levado para o velho continente.

Zagallo reconheceu que um dos maiores problemas na seleção brasileira, nos últimos tempos, é que a maioria dos jogadores atua no exterior e não há tempo para treinar o elenco. "Não há tempo. Eles saem da Europa, viajam dois dias, jogam e voltam. As eliminatórias da Copa são assim. São condições difíceis, porque futebol exige treinamento", analisou.

Ele admitiu que Dunga sofrerá ainda muito com esse problema, mas não quis analisar detalhadamente o trabalho do capitão do título de 94. "Não sou a pessoa certa para fazer uma avaliação. Ele foi meu jogador na seleção e sempre foi um líder dentro de campo. Agora no comando, apesar de ser o primeiro trabalho, está bem. Porque futebol é resultado e ele conseguiu alcançá-los", finalizou.

FONTE: UOL