17 anos sem o ídolo

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A cada temporada de F1, o Brasil sente mais a necessidade de ter um novo herói. O país de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna ficou órfão de campeões mundiais da categoria desde 1994, quando Senna (tricampeão) falaceu durante uma corrida. Os outros dois já havia se aposentando, por isso, a perda de Ayrton dói até os dias atuais no coração dos brasileiros. Essa dor completa neste domingo (1° de maio) 17 anos.

Ayrton Senna
Ayrton Senna
O início
Tudo começou em 21 de março de 1960, mas para a F1, o começo mesmo foi em 25 do mesmo mês, em 1984, quando Ayrton Senna participou pela primeira vez de um GP da principal categoria do automobilismo. Era o GP do Brasil. A grande promessa, que já havia testado por Williams, Toleman e McLaren um ano antes, chegava ao grid igual a todos os outros. Porém não foi uma corrida para ser lembrada, pois Ayrton abandonou logo na oitava volta.

Piloto brasileiro guiando a Toleman
Antes de ter um cockpit próprio, Senna já tinha mostrado sua diferença. Com 23 anos, no teste realizado pela Williams, ele fez sua volta rápida em quase 1s a menos que o que toda a equipe havia conseguido em toda aquela bateria, na pista de Donington Park, na Inglaterra.

Já como piloto oficial da Toleman, o brasileiro chegava a Mônaco pela primeira vez, sentiu-se em casa e, na corrida, partiu em arrancada com seu carro limitado da 13ª posição e acabou num polêmico segundo lugar. A história foi a seguinte. Senna vinha rápido, ultrapassando carro por carro. Já sentindo a pressão do brasileiro, Alain Prost – que liderava – pediu insistentemente que a corrida fosse encerrada antes mesmo de serem completadas todas as voltas. Pedido aceito. Mas, quando um dos comissários de prova estendeu a bandeira vermelha, o francês parou antes de cruzar a linha, mas o brasileiro cruzou como uma flecha. No entanto, a vitória ficou mesmo na mão de Alain. Começara ali a maior rivalidade da história da F1.
A primeira vitória
Primeira Vitória de Senna em Portuga

Mas o entrevero de Senna com Prost só viveria próximos capítulos quatro anos depois, quando o brasileiro foi contratado para fazer dupla com o francês na McLaren. Antes disso, Ayrton precisava começar a ganhar corridas para poder evoluir a ponto de brigar com o experiente piloto. Em 1985, já pela Lotus, o jovem chegou à primeira vitória. O GP de Portugal era o segundo da temporada e teve a liderança do prodígio de ponta a ponta.

Primeiro título
Primeiro título em 88

Senna ainda defenderia a Lotus por mais duas temporadas, até mudar para a poderosa McLaren, por onde foi campeão logo em seu primeiro ano, 88. Aquele foi o ano em que Ayrton mais cresceu como piloto. Durante a classificação para o GP de Mônaco, ele disse que esqueceu do mundo enquanto guiava cada vez mais rápido. Foi aí que ele percebeu que poderia se machucar num carro de Fórmula 1. Após o fato, ele venceu oito das 15 corridas restantes e ficou com o primeiro campeonato.

“Eu já estava com a pole, por 0,5s à frente do segundo colocado, e depois 1s. De repente, eu estava próximo de abrir 2s à frente dos outros, incluindo meu companheiro de equipe com o mesmo carro. Então eu percebi que eu não estava mais pilotando com consciência. Eu pilotava por instinto, me sentia numa outra dimensão. Era como se eu fosse entrar num túnel. Não apenas o túnel sob o hotel, mas todo o circuito parecia um túnel. Eu estava apenas indo e indo, mais e mais e mais… Eu estava acima dos limites e achava que ainda era possível buscar alguma coisa mais. Então, de repente, alguma coisa me tocou. Um tipo de despertar ao perceber que eu estava em outra atmosfera, diferente daquela que normalmente eu estava. Minha reação imediata foi a de retornar, reduzir. Eu dirigi lentamente aos boxes e não quis mais sair de novo naquele dia. Isso me apavorou, porque eu estava consciente. Isso me acontece raramente, mas eu guardei essas experiências bem vivas dentro de mim, porque é muito importante para a sobrevivência”, palavras de Senna.
Senna x Prost
Senna nunca escondeu insatisfação de correr ao lado de Prost
Senna nunca escondeu insatisfação de correr ao lado de Prost

Depois de ver seu companheiro de equipe vencer com facilidade a temporada de 88, o bicampeão mundial Alain Prost via em Ayrton o seu maior rival. Daí começava a disputa dentro da equipe McLaren. O time britânico agora era dividido em duas partes, um lado de Senna e um de Prost. Os engenheiros não compartilhavam mais informações sobre o carro, os dois pilotos já não conversavam mais.

No final de 89, apareceu a primeira evidência de que os dois eram realmente inimigos. No GP do Japão, Ayrton precisava vencer a corrida para levar a decisão do campeonato para a última prova do ano. Ao ver que Senna iria lhe ultrapassar, Alain mudou drasticamente sua linha de defesa, fechando a porta para o brasileiro, ocasionando um acidente. Senna irritado pediu ajuda dos comissários para que o ajudassem a voltar à corrida. Ele conseguiu, mas Prost foi mais ‘esperto’ e correu para a direção da prova, alegando que o seu rival teria cortado a chicane. O brasileiro foi desclassificado, tornando Alain Prost como o campeão daquele ano.

Os dois travaram vários duelos na disputa de títulos

No ano seguinte, veio o troco. Desta vez, eles não eram mais companheiros de equipe, Prost havia se transferido para a Ferrari. No mesmo circuito de Suzuka, Senna e Prost tinham mais uma disputa pelo título. Desta vez, a vantagem estava para o outro lado. Se Prost não completasse a prova, Senna seria campeão antecipado. Largando na pole, Ayrton estava reclamando por largar no lado sujo da pista. Logo na largada, Prost passou Senna, mas na primeira curva o brasileiro não reduziu e bateu forte no seu rival, fazendo com que os dois fossem para fora da corrida. Assim, Ayrton Senna se sagrava bicampeão
O tricampeonato
Senna vence o mundial de 91 de forma incontestável
Um pouco abatido por ter vencido em 90 de forma não muito limpa, Senna iniciou o campeonato de 91 com todo o gás, conquistando a vitória nos quatro primeiros GPs do ano. Ao fim da temporada, ele já somava sete triunfos em 15 provas. O mundo via o auge daquele que entrava para o hall da fama do automobilismo com três títulos mundiais.
As últimas temporadas
Senna guiando a Williams

Depois de um ano de 92 bem complicado, Senna não escondeu de ninguém a sua insatisfação por ser superado facilmente pela Williams. O brasileiro fazia questão de declarar que estava querendo uma vaga na equipe inglesa. Mas seu eterno rival, Alain Prost, tinha um contrato em vigor com a equipe e a única clausula era de que Ayrton não poderia ser seu companheiro de equipe. Dessa forma, o brasileiro continuou na McLaren, mas fazendo contratos por corridas, o que não lhe prendia à equipe britânica e o permitia disputar o mundial daquele ano.

Depois de chegar à tão sonhada Williams, Ayrton estava com uma alegria contagiante no início de 94. Entretanto, a alegria do brasileiro não iria durar muito. A FIA proibiu as inovações eletrônicas que fizeram a diferença para a equipe de Frank Williams. Senna continuava confiante, mas sentiu que o carro não estava com o equilíbrio ideal. Nas duas primeiras corridas do ano, dois abandonos de prova. A Williams chegava a Ímola com a intenção de ter um recomeço na temporada.

Tricampeão parecia não estar a vontade com o carro que tinha

“Eu nunca senti o Senna tão tenso como naquele fim de semana. Em nenhum momento, eu vi ele sorrindo. Estava sempre muito compenetrado, aborrecido, entristecido mesmo”, foi o que resumiu Reginaldo Leme sobre o fim de semana em Ímola, no documentário sobre o piloto.

Aquele fim de semana parecia preocupar demais Ayrton, a impressão que dava era que ele estava pressentindo sua morte. Na sexta-feira, um acidente impressionante fez com que Rubens Barrichello fosse vetado da corrida. No treino classificatório, o acidente fatal com o piloto Roland Ratzenberger fez com que Senna ficasse perplexo. Mesmo com os acidentes, Senna conseguiu a pole. Mas nem Frank Williams estava confiante que o brasileiro ia para a corrida, já que o piloto estava muito abatido, triste.

O que parecia era que ele não queria correr naquela tarde, mesmo assim ele foi para a pista. Enquanto estava sendo pressionado pelo alemão Michael Schumacher, Senna perdeu o controle do carro e bateu forte na curva Tamburello. Estava ali encerrada a vida do ídolo brasileiro. O médico que atendeu o piloto chegou a dizer que Ayrton deu o seu último suspiro, foi quando ele percebeu que o tricampeão mundial já tinha partido.

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