A Copa do Mundo de 2014 ameaça deixar um outro legado ao Brasil: dívidas. Pessoas familiarizadas com a dimensão financeira do Mundial admitiram ao Estado que estão surpresas com a explosão nos custos de obras para estádios e outros itens da preparação e alertam que algumas arenas levarão até 2030 para quitar suas dívidas.
Fontes em Zurique calculam que sediar a Copa custaria ao País mais de R$ 23 bilhões, incluindo obras nos aeroportos e de mobilidade urbana. "As contas não fecham", alerta um cartola envolvido na parte financeira da preparação para o evento.
O iminente prejuízo do Mundial é uma conta que as esferas de governo (federal, estadual e municipal) irão bancar sozinhas: nem Fifa nem CBF terão os lucros ameaçados no torneio.
Neste momento, a entidade internacional está bastante preocupada com os gastos dos estádios e os custos de operação total. A última estimativa feita na Suíça é de que o Brasil gastará pelo menos R$ 6,3 bilhões para erguer os palcos do torneio.
Em 2007, quando da escolha do Brasil para organizar o Mundial, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, garantiu que não haveria aporte de recursos públicos para a realização do evento. Três anos depois, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) criou uma linha de crédito, inédita na instituição, para financiar a construção de arenas.
Lotação. Não há dúvidas, segundo a fonte consultada pelo Estado, que o Brasil terá facilidade em lotar os estádios durante o Mundial e se beneficiará da expansão de infraestrutura.
A taxa de ocupação dos estádios e o tamanho dos acordos de empréstimos com o BNDES, porém, exigirão anos para que o dinheiro investido pelo governo brasileiro seja recuperado e, ainda assim, não haverá garantias de que isso ocorrerá.
Para estádios calculados em R$ 500 milhões, a estimativa é de que poderão recuperar pouco mais da metade do dinheiro durante a Copa. Mas, nos anos seguintes, sofreriam para quitar o resto da dívida.
A previsão é de que poderão acumular lucros de R$ 9 milhões por ano se forem usados de forma plena. Na prática, levariam 20 anos para pagar suas dívidas.
A entrada de turistas, a exposição do Brasil no mundo e investimentos poderiam compensar. Mas as contas da África do Sul são usadas como alerta que prever esses ganhos é tão incerto quando o vencedor do Mundial.
A Copa de 2010 gerou uma renda para a economia sul-africana de US$ 4,9 bilhões (R$ 7,9 bilhões), praticamente o mesmo valor que foi gasto na construção de estádios e infraestrutura pelo governo federal.
O problema é que essa conta de gastos não inclui o que províncias e cidades tiveram de injetar para ganhar o direito de ser sede. No final das contas, o buraco chegou a quase US$ 1 bilhão (R$ 1,59 bilhão).
No caso do Brasil, os gastos com a Copa do Mundo seriam já duas vezes superiores ao que o país africano colocou para o evento de 2010.
Garantida. Apesar da constatação do prejuízo, a Fifa já tem sua arrecadação garantida. A venda de direitos de TV, publicidade e produtos comerciais renderá ao órgão um total de US$ 3,8 bilhões (R$ 6 bilhões). Só os direitos de transmissão respondem por US$ 2,2 bilhões (3,5 bilhões) - com US$ 1,6 bilhão (R$ 2,5 bilhões), o marketing completará o caixa.
Depois de usar o dinheiro para diversas competições e pagar US$ 1,3 bilhão (R$ 2 bilhões) em custos do Mundial, a entidade sairá do Brasil com US$ 200 milhões (R$ 318 milhões), isentos de impostos. Nenhum custo com infraestrutura ou estádios cairia nas mãos da organização - muito menos dívidas.
No que se refere aos lucros, a entidade já esfrega as mãos. A renda obtida será quase 100% superior ao que a Copa da Alemanha movimentou em 2006 e três vezes maior que na França-98.
As contas da CBF também não preveem perdas, já que a entidade não colocará um centavo sequer em estádios e nem em infraestrutura.
Na África do Sul, o Comitê Organizador Local teve um lucro de US$ 10 milhões (R$ 15,9 milhões), pequeno se comparado aos mais de US$ 80 milhões (R$ 127 milhões) que a federação alemã conseguiu em 2006.
Pessoas envolvidas com as contas do evento usam dados do TCU (Tribunal de Contas da União) para mostrar como ainda haveria o peso "desproporcional" colocado sobre o governo.
Segundo um levantamento do TCU do final de 2010, 98,5% dos R$ 23 bilhões previstos para serem gastos nas obras da Copa de 2014 sairão dos cofres públicos.
O acordo entre o Brasil e a Fifa sobre a isenção de impostos ainda evitará que R$ 500 milhões sejam coletados pelo Tesouro. A isenção vai além da Copa e também valeria para 2015.
O orçamento recorde para a Copa de 2014 é US$ 300 milhões a mais do que na África do Sul. As 32 seleções receberão um pacote de US$ 454 milhões em prêmios, o maior da história.
Platini. Relaxado e caminhando nas ruas de Zurique neste domingo, o ex-jogador francês Michel Platini, hoje presidente da Uefa (União Europeia de Futebol), disse que fala de tudo, menos da preparação do Brasil para o Mundial. " Disso eu não falo. Só (Ricardo) Teixeira pode responder como vai o Brasil", comentou.
Questionado se os brasileiros estariam em melhor situação que Polônia e Ucrânia, que vão sediar a Eurocopa de 2012 e sofrem com atrasos em obras, Michel Platini apenas sorriu. "Hum, não sei".
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