Como se aproveitam do futebol

7.6.11 | Marcadores:
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Fico impressionado como as pessoas - principalmente aquelas que não têm nenhum talento para entrar em campo - usam o futebol para conseguir aparecer.

Vamos começar falando dos dirigentes, que historicamente aproveitam do esporte para ter uma carreira política, e outros, que entram no esporte apenas para resolver sua condição financeira. O engraçado é que é muito difícil ver um dirigente ter seu patrimônio diminuído quando comanda um clube. Pode até acontecer de a equipe ir à falência, mas os cartolas invariavelmente ficam cada vez mais ricos.

Realmente deve ser um sacrifício muito grande dirigir um time. Mas nas eleições dos clubes não faltam disputas homéricas para ganhar o pleito.

Nos últimos tempos, surgiram as figuras do empresário e do procurador. Aproveitando da incompetência dos dirigentes - ou da vontade destes de ganhar dinheiro da maneira mais rápido possível -, os intermediários praticamente se tornaram donos do futebol brasileiro. Eles atuam livremente aliciando jovens revelações, fazem jogadores romperem contratos e têm o poder de chantagear os principais clubes do país. Ou seja, na maioria das negociações, o clube só contrata um jogador de nível se levar junto outro de qualidade duvidosa.

Nessa relação, os jogadores se tornam reféns dos empresários. Aqueles que não aceitam a negociação com um agente são ameaçados de nunca mais ter oportunidade de jogar num time grande. Existem agenciadores que declaram publicamente que sua estreita relação com algum técnico ou dirigente pode ser um atalho para alguém atuar na seleção, num grande clube ou na Europa.

Bem, existem também aqueles "artistas", como ex-BBBs e cantores em início de carreira, que se aproveitam do futebol para tentar ampliar seus 15 minutos de fama. Isso é um fenômeno mundial, não fica restrito ao Brasil.

Abominável também é o uso que alguns políticos fazem do esporte. Por exemplo, é fato que, durante o período da Ditadura Militar, sempre que havia uma crise no governo ou surgia algum movimento que se manifestava contra o regime, logo era solicitado à CBD - a CBF da época - que marcasse um providencial amistoso da nossa seleção. Como o nosso selecionado, desde a convocação, era capaz de parar o país - coisa que não acontece hoje -, o jogo da seleção acabava com qualquer outro assunto.

O que causa repúdio é que ainda temos políticos usando o futebol para aparecer. Na semana passada, um medíocre vereador paulistano teve a "brilhante" ideia de tombar o clássico entre Palmeiras e Corinthians.

O motivo alegado pelo dito representante de uma parte da população é que, com o enfraquecimento técnico do Palmeiras, o clássico pode cair no esquecimento. Realmente, o pedido esdrúxulo do vereador mostra que ele entende de futebol do mesmo modo que deve saber de educação e transportes - problemas graves de São Paulo - ou seja: nada.

A proposta do vereador pode ser uma engraçada piada de torcedor, mas não poderia ser ideia de alguém que tem um cargo no legislativo. Acho que o nobre político - que também se mostrou um péssimo humorista - nunca soube que os grandes times do planeta vivem fases ruins e passam vários momentos sem títulos. Garanto que ele não faria está proposta ridícula na época do jejum de 23 anos do Corinthians, pois perderia votos da enorme torcida do time que crescia a cada campeonato perdido.

Outros times, como São Paulo, Santos, Fluminense, Botafogo, Cruzeiro, Internacional, também passaram por momentos ruins e só deram a volta por cima e conquistaram vários títulos por serem grandes. Garanto que nenhum político de Milão fez alguma proposta ridícula de tombar o clássico entre Internazionale e Milan, no período que o time rubro-negro disputou a segunda divisão, ou quando a Internazionale ficou um longo período sem ganhar o título italiano.

Ainda bem que é o futebol é muito forte dentro dos gramados e consegue sobreviver mesmo com tantas sanguessugas.

Até a próxima.

DESTAQUE
Para a incapacidade da seleção brasileira de vencer times de tradição. No último ano, não conseguimos derrotar a Argentina, a França e a Holanda. Jogos com adversários fortes mostram que o Brasil está muito longe de ser um grande time. Não é de hoje que nosso time conta com vários jogadores que têm sucesso em seus clubes e não conseguem jogar bem na seleção, sem dizer que não existe um técnico que pareça disposto a acabar de vez com a tentação de escalar, no mínimo, três volantes no nosso meio-campo.

ERA PARA SER DESTAQUE
Acho muito justa a homenagem ao craque Ronaldo por tudo que ele fez. Mas acho um erro a despedida acontecer num jogo oficial da seleção, quase quatro meses após o jogador parar de atuar profissionalmente. A despedida num jogo do time principal, com um ex-atleta entrando em campo fora de forma, atrapalha a chance de a equipe usar um amistoso para treinar. Seria muito mais interessante a homenagem para Ronaldo ser feita num jogo com jogadores aposentados. Por exemplo, um amistoso com jogadores de Brasil e Alemanha que disputaram a final do Mundial de 2002.

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