Joel Santana admite que vai se emocionar na hora do hino brasileiro

Aos 60 anos, Joel Santana vai viver uma emoção diferente na próxima quinta-feira. Sentado no banco de reservas comandando a África do Sul, ele vai enfrentar pela primeira vez a seleção brasileira. Uma sensação estranha segundo o treinador, mas necessária. A partida será no estádio Ellis Park, em Joannesburgo, pela semifinal da Copa das Confederações.

Joel Santana durante a entrevista: 'Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor'

Joel Santana vai passar pela mesma situação de outros treinadores como Luiz Felipe Scolari, Paulo Autuori e Alexandre Guimarães, que enfrentaram a seleção dirigindo outros países. Apesar dos títulos no futebol brasileiro, o treinador nunca foi cogitado para comandar a seleção. Por isso, demonstra um pouco de decepção. Joel admite que vai se emocionar ao escutar o hino nacional antes da partida.

- Posso falar do fundo do coração? Queria ter tido a oportunidade, pelo menos uma vez por tudo o que eu fiz, de ter a sensação de sentar no banco da seleção brasileira e representar o meu país. O que você acha que passa pela minha cabeça? Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor. Mas eu estou defendendo o meu trabalho agora. Não posso ficar com sentimento. Esse país aqui me acolheu diante de milhões de treinadores que estão se oferecendo para trabalhar aqui - disse Joel Santana em entrevista na recepção do prédio em que mora em Joannesburgo.

Marcação forte em cima do Brasil na quinta-feira

Agência/Reuters

Segundo Joel, Brasil terá que ser marcado

Vivendo na África do Sul desde maio do ano passado, Joel Santana tenta realizar o sonho de disputar uma Copa do Mundo. Aos poucos, ele vai superando a desconfiança dos torcedores. Mas admite que a diferença técnica entre o Brasil e a África do Sul é grande. O desafio é complicado, mas o treinador considera possível superar a seleção.

- Na vida tudo é possível. É claro que é difícil. O Brasil vem com 70%, 80% pronto. O meu time ainda está em formação. E o Brasil sempre aparece com novos talentos como esse rapaz do Cruzeiro (Ramires), um meia muito rápido que chega bem à área. A qualidade técnica é a grande força do Brasil. Preciso ter um sistema forte de marcação no meio-campo para equilibrar a briga. Minha seleção não tem a bola do Brasil, então tenho que segurar - explicou.

A classificação da África do Sul para a semifinal foi dramática. O time perdeu para a Espanha na última rodada e precisava torcer para que o Iraque não vencesse a Nova Zelândia. A partida dos sul-africanos terminou em Bloemfontein e o treinador ficou esperando o apito final no outro duelo. Minutos que pareciam uma eternidade.

- Não sabia o resultado da outra partida. Só aos 35 minutos do segundo tempo que me falaram que estava 0 a 0. Fiquei nervoso. O jogo terminou e soube que faltava um minuto para acabar lá (jogo do Iraque). Mas ele não passava. Que raio de um minuto demorado, rapaz. Eu pensava: ‘não é possível, eu não mereço isso’. Quando me deram a notícia eu perguntei: ‘é verdade mesmo? Confirma isso aí direito - disse.

Após o nervosismo no campo, o treinador se emocionou quando recebeu uma ligação especial no vestiário enquanto comemorava a classificação com os jogadores.

- Minha filha me ligou chorando quando eu estava dentro do vestiário. Pai, que bom. Você conseguiu mais uma vez - comentou.

Joel Santana destacou a importância de a África do Sul ter se classificado para a semifinal. O sucesso do país na Copa das Confederações pode ajudar nesta reta final de preparação para a Copa do Mundo de 2010.

- Para o bem do futebol, a gente tinha que entrar na semifinal. Os caras (Iraque) não fizeram um gol. Eles jogaram contra a gente com oito atrás. Para a África do Sul a classificação foi muito boa, foi excelente. Agora você quer sempre um pouquinho mais. Quem sabe a gente não consegue chegar mais à frente. Meu time está mais relaxado, mais tranquilo, com mais postura.
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