Luiz Alberto: 'Podia pôr o melhor do mundo no Boca que não ia adiantar'

1.5.10 | Marcadores:
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Nada de rancor. Com o contrato rescindido pelo Fluminense em janeiro após três temporadas e uma passagem relâmpago de apenas sete jogos pelo Boca Juniors na Argentina, Luiz Alberto garante que não guarda mágoas de ninguém. Nem no Tricolor, em que julga ter sido bode expiatório pela campanha ruim no Brasileirão de 2009, nem do clube xeneize, de que revela ter pedido para sair pelo clima pesado vivenciado no dia a dia.

Apesar das frustrações nos últimos seis meses, o zagueiro afirma que dorme tranquilo, consciente que fez seu trabalho da melhor forma possível nas duas equipes. Mas, ainda desgastado pela saída antes do fim do contrato, o defensor planeja jogar fora do Rio de Janeiro. Aos últimos dois escudos que defendeu, deseja melhor sorte e mudanças. E, ao menos no clube carioca, acredita que a era Muricy pode ser o primeiro passo a caminho da “salvação”.

Helena Rebello/GLOBOESPORTE.COM

Luiz Alberto com as camisas de Boca Juniors e Fluminense, seus dois últimos clubes

Apesar das críticas da imprensa argentina e da péssima fase vivida pelo Boca no campeonato nacional (é o 15ª colocado), Luiz Alberto diz que saiu de cabeça erguida e pela porta da frente. Ao contrário do que foi divulgado, o zagueiro afirma que a decisão de encerrar o vínculo partiu dele, e não da diretoria. Os motivos foram a dificuldade de adaptação e o ambiente pesado no clube de maior torcida do país.

- Foi uma ilusão tremenda. O que eu fiz de ir para o Boca foi uma “cabeçada”. Vi a boa proposta e não pensei, não vi como estava o time, não sabia o que tinha acontecido no ano anterior. Não tem mais nada daquilo de Boca campeão, aquele elenco... Podia pôr o melhor do mundo no nosso time que não ia adiantar. O ambiente estava tão ruim que ele não ia conseguir fazer nada – disse, negando ter sofrido racismo ou qualquer outro time de discriminação por parte do elenco ou da torcida.

Luiz Alberto em campo pelo Boca: zagueiro afirma que ambiente no clube é pesado

O ex-capitão tricolor conta que a relação complicada entre Riquelme e Palermo, duas maiores estrelas da equipe, incomodava o grupo, assim como os rumores de que o camisa 10 teria flertado com a namorada do atacante Pablo Mouche. Apesar do mal estar generalizado entre os atletas e do elenco com os dirigentes, o zagueiro aponta a torcida como o trunfo atual do Boca e nega que tenha sofrido pressão, apesar do time ter levado 28 gols nas 16 partidas do Clausura até o momento.

- Os problemas lá são públicos e complicados. Mas mesmo assim a torcida não abandona. Nunca vi coisa igual. Vínhamos de umas três derrotas quando chegou o Superclássico (jogo contra o River Plate, maior rival, que também atravessa má fase). A Bombonera estava explodindo, tremia. Foi o jogo mais emocionante da minha carreira, me surpreendeu muito. Os caras são muito fanáticos, não param de cantar e aplaudem mesmo quando a gente perde. É uma torcida diferenciada. Fizeram festa na minha chegada e não me senti pressionado por ela em momento algum. A má fase vinha de antes, sabiam que a culpa não era minha.

Helena Rebello/GLOBOESPORTE.COM

Luiz Alberto exibe a foto do Boca Juniors no superclássico com o River Plate

No Fluminense, entretanto, a pressão vinha de todos os lados. Luiz Alberto assume que não disputou um bom Campeonato Brasileiro em 2009 mas, de todo elenco, acredita que apenas Conca e o goleiro Rafael estavam jogando bem e mereciam ser mantidos como titulares. Sem apoio da comissão técnica, o zagueiro se arrepende de ter “dado a cara a tapa” tantas vezes para a torcida e acha que foi usado como bode expiatório.

- O time não estava numa fase boa. Reconheço que eu também não. Não é fácil trabalhar com quem te fala uma coisa, mas depois te apunhala pelas costas. Só que sempre estoura com alguém, ou quem tem nome, ou quem está há mais tempo. É fácil jogar algo nas costas dos outros. Perdemos umas 12 partidas seguidas. Ninguém queria falar depois do jogo. Mas eu era o capitão, eu ia. Acabei ficando associado a coisas ruins. Me arrependo e nunca mais faço isso.

Na época do Flu: zagueiro lamenta `ter dado a cara a tapa` após as derrotas no Brasileiro

O processo contra o clube das Laranjeiras pela rescisão unilateral de contrato ainda está em andamento. O beque lamenta o fim abrupto do vínculo com a equipe, e mesmo com críticas em relação à falta de planejamento, torce para que o Fluminense enfim trilhe o caminhe rumo aos títulos que ficaram pelo caminho nas duas últimas temporadas – o clube perdeu as finais da Taça Libertadores em 2008 e da Copa Sul-Americana em 2009.

- Nem sei quantos treinadores tive no Fluminense. Mais de dez, eu acho. Isso é muito ruim para o grupo. Mas a chegada do Muricy é o primeiro passo para mudar isso. Vamos ver se ele vai se encaixar, se sentir bem. Mas vai mudar muita coisa. Trabalhei com ele no Inter. É muito bom, alguém com que gostaria de trabalhar novamente algum dia.

Futuro fora do Rio?

Sem contrato com nenhuma equipe, o zagueiro mantém a forma fazendo musculação na academia de casa e correndo por 1h30m todos os dias. Sem pressa para não repetir a passagem relâmpago que teve pelo Boca em outra equipe, o zagueiro diz que está analisando propostas de alguns clubes brasileiros e um estrangeiro. Não quis citar nomes, mas deu apenas uma certeza: está na hora de dar um tempo do Rio de Janeiro.

- Tenho algumas propostas, e estou quase chegando a um acordo. Estou dando um tempo do Rio. Quero ficar fora. Pode ser um clube estrangeiro, de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba... – despistou.

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